sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Felizes,
Os que têm vitórias
Forjadas no altruísmo da liberdade.
Encanto perene,
Conquistado com o sangue dos que a sonharam…

…Vêm, então,
Dias de plena quietude,
Ancorados ao gargalhar dos afectos
Que nutrem o chão;

Somos já crianças,
Melodias anciãs
Que anunciam amanhãs…



terça-feira, 25 de setembro de 2007

Estou no alpendre
onde albergo marinheiros
que enredaram o mar que me trouxe.

Às vezes,

o cigarro conjuga verbos da lua
que apazigua a água,
represa dos dias cantados
no átrio do horizonte...


...Viajo na madrugada do futuro

com o chão que a memória ama.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Sou de um lugar
há muito lembrado
nunca encontrado.

Sou pó de areia
vento que molda o chão
janela que proclama o deserto.

Caminho
no íntimo sorriso
da criança que me acolhe.

Por vezes sonho espaço,
Recomeço inadiável
do amor que te nutro.

domingo, 2 de setembro de 2007

Há dias,
feitos da intimidade filtrada na dor,
que rumorejam do caldo primordial;

Há dias
suspensos na voz dos dedos
que acariciam a ausência;

Há dias
que caminham no húmus
das gargalhadas dos amigos;

Em Abragão
reinventamos dias modulados
na requebra dos foguetes de Luzim.

domingo, 12 de agosto de 2007

Sonhámos
Abraçando-nos no chão,
Bebendo estrelas,
Cantando.
Éramos vivos.
Matamos-nos
Na alvorada fundadora.
Veio então o silêncio do deserto
Anichado na sombra dos passos.

...Da ressaca do desencontro
Emergiu o pólen do amor...

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O casario
acolhe a antecâmara da cidade
Meninos inquietam a relva
Gomos de pura inocência
Emergem da água plana
Sitiam o desejo...
Eis o chão que amacia ausências.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Incertas certezas
Cacimbam palavras de dor;
Ecos do sopro inicial
Que pauta o gorgulho do nosso chão.
Lentamente,
de fumo feito,
sou tambor índico
que anuncia mares ...

terça-feira, 24 de julho de 2007

O Cavalo de Mouzinho - Rui Knopfli

Ironicamente, o herói colonial defendeu
e ajudou a fixar as fonteiras do país
que havia de converter-se em pátria alheia.
Décadas volvidas, caía uma chuva miudinha,
segundo consta, apearam-lhe a estátua

do alto plinto. Caía uma chuva miudinha,
mas os sr. Alberto Massavanhane garante,
solene e com ar grave, talvez com um nó
na garganta, que não, não era só chuva
e que, mesmo de bronze, até o cavalo chorava.

sábado, 16 de junho de 2007

Sentado
delicad,
povoado
de rabiscos inscrustados
na memoria dos passos.

A água purifica a mão
que ousa "surfar" a estética das palavras,
recanto que aglutina
o súbito desejo de lua.

Páro.
No horizonte
a criança sorri.

É por ela ...

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Poemas da Ciência de Voar - de Eduardo White

Uma mão relampeja na casa da escrita.
Faísca Troveja.
Procura um claro instante para a aparição.
Pode-se vê-la correr pelo dorso do papel,
deitada do seu lado ou do seu modo rastejante,
pode-se vê-la provando o ruminante delírio das palavras,
a sua rasante arrumação,
e leva vozes aquela mão em cada delicada passagem,
rítmica, latejante
ou um nervo animal que faz lembrar a textura pedestre do papel.
Mas a mão voa, explosiva,
e não cai nem agoniza no espaço vibrante onde se comunica.
Voar é um fervoroso recolhimento.
E no que é quase a medida elementar do esquecimento
a escrita navega
num estuário de silêncio.
Escrever é uma droga antiga,
uma bebedeira que queima com lentidão
a cabeça,
traz as luzes desde as vísceras,
o sangue a ferver nas vias tubulantes,
traz a natureza estimulante das paisagens
que temos dentro."

...

Ocorre-me agora
a pupila minúscula de uma criança.
A sua engenharia
desde o corpo na guerreira pequenez
ao dedo provador da boca.
Ocorre-me esta criança
este monge da franqueza em seu templo de inocência.
Amo-a. Vivo-a.

Voar é poder amar uma criança.
Sonhar-lhe o peso no colo, as mãos acariciantes
sobre a palma da alma.

Voar é tardar a boca
na rosa do rosto de uma criança.
Pronunciar-lhe a ternura,
a seda fresca e pura
da sua infância.

Voar é adormecer o homem
na mão sonhadora
de uma criança.

Ao Luís Bernardo Honwana - de Sebastião Alba

Embora cravado por
uma réstia de sol ao meu umbigo
quase tudo em mim é obra alheia

alguém exímio colocou
no pendor de elevados
textos as suas armadilhas

deformidades tolhem o avanço
em que porejo não o ódio mas
ressentido amor.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Índico
intacto coqueiro,
Culto d'amores ocultados,

Porto passagem abrigo.

terça-feira, 12 de junho de 2007

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Sem Titulo - de Virgílio de Lemos

O pêndulo entre a doçura e o sangue
balança entre a criação
e a morte.
E os monstros marinhos despertam
e povoam ter corpo interior
de dragões...
Na noite confundidas com as estrelas
cintilam palavras
que aguardam teus vorazes dentes
e teus beijos perversos.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Milhas longíquas,
Abruptas atónitas perfumadas,
Caminhos solitários,
Dias vorazes, doridos.

Silêncio.

Miles liberta.
Partilha dádivas, notas...
Tudo inscreve;
Vento, noticias éter,
Maresia, água mar;


Recentra indíviduos,
Corpos, trânsito, átomos e pó...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Nudez - de João Fonseca Amaral

As lágrimas
Deixaram rastros molhados
E depois partiram para Além;

Os sentimentos
Fizeram-se em pó,
Que o vento dispersou por aí;

As minhas ânsias loiras
Calçaram as sandálias de viajante
E partiram para longe

Oh! todos estes ingratos fugitivos
Me deixaram assim nu
No Grande Cruzamento!
A falésia
represa a dor
ancorado à linha d'água
respiro deserto
a laranja reabre estórias
paixões amores
quicá desamores traições...
Moiras memórias
soletram amendoeiras;
ciclíca metamorfose do Norte.

sábado, 2 de junho de 2007

Sem Título - ADN Amaral

A tarde soçobrava à vertigem do tempo.
Ali reencontrei o caminho dos meus passos.
Hora de mordomias cinzeladas pela longa ausência,
Risos de àgua a chapinhar,

na imprecisa geometria das recordações.
Somos verbo desconstruído,
Renascido da indelevel pena,
Que marca o chão
Àvido das nossas crianças.

Sem Título - ADN Amaral

Ao entardecer,
Quando o sol se confina ao mar,
Persigo a brisa d'Abril,
Primavera dos errático dias,
que a loucura expandiu.
Escvravo da cidade,
com a alma povoada de micaias,

canto lírios pelas searas encantadas.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Sem Título - ADN Amaral

Digo palavras que aram múltiplos universos.
Cânticos de outrora irrompem no futuro das folhas, alforriam a ventura inteira e traçam o passo inquebrantável dos nossos passos.

Anseio deglutir cada grama nossa infância, pó primordial de viagens infinitas e berço inamovível da liberdade que refulge no ventre desta terra que amo.

Amor implacável que arrebata o rumo da cidade percebida em recantos inesperados.
Danças, ventres, requebras, olhos, espantos, mosteiros.
Cheiros das mil e uma noites, dizíveis na calçada que a ilumina.

Brasil - Eco Resort, Arraial D'Ajuda


quinta-feira, 31 de maio de 2007

Brasil - Uma praia da Costa do Descobrimento


Praia - de João Fonseca Amaral

O mar trouxe-me escombros,
Mastros, velas,
Farrapos de coisas belas,
Fantasias, assombros...

Tudo o mar me trouxe
Até uma lágrima de mulher
Guardada em desgastado relicário!

...........................................................

Vinde coisas corroídas,
Vinde à minha praia
Que eu vos esperarei alvoroçado.

Sem Título - ADN Amaral

Percorro a cidade límpida e aberta, como fazedor de paisagens, outrora palco das caminhadas pressentidas no rio que a criou.
Sou água, maresia, pó dos que a fizeram e represa dos que a habitam.
Conheço a vertigem dos dias que a deglutiram e o desejo de respirar as arcadas que a sustentam.
Não possuo o espaço mas na abóboda que a antecede revejo caminhantes que a tiveram.
Então, de copo na mão, balbucio o princípio dos nossos passos na calçada fundadora.