sábado, 24 de maio de 2008

Trovando, a caminho da praia guardada,
Cabelos embalam a vertigem do carro
Que atravessa searas sedentas de água.
A fotografia perfeita do dia imperfeito!
Risos cúmplices na fímbria da tarde,
Vozes que tecem afectos de seda
com a tonalidade vermelha da falésia,
Chão ausente.
Basta ...

Vem, chuva de sede do deserto,
Traz, do horizonte da planície,
a requebra ondulante dos montes.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Choramos
a fome anunciada na nudez da televisão
debruada com a exaltação
da liberdade a ferros conquistada.

A criança lamacenta
coabita com a miséria do luxo
sonha afectos de seda
caminha no fio invisível do mar
sente a dor da barriga inchada.

Eis a geografia cidade
em tempos de indignidade

sábado, 10 de maio de 2008

O tremendo vazio do copo.
A cigarra marginal á beira mar.
Ali olhamos indignidades,
ausentes, cegos...

Meninos de mão dada, de uma frescura desconcertante,
percorrem a eira do dia, com liberdade, ingénuos.
Apesar do áspero caminho,
sonham, cantam, saltam. Em silêncio.

Senhores, de espada ao alto,
soçobram na ferocidade do pico.
Já não sonham,
apenas vincam sofrimento, indignos...