terça-feira, 30 de dezembro de 2008

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Sou dos amigos
que habitam os dias,
Invisíveis mas presentes
Distantes mas "calientes";
Da praia e das casuarinas;
Das ondas que fustigam
o corpo àvido de espuma;
Das palmeiras do Oriente;
Da água da tua gargalhada;
Dos lugares vindouros e
Das calçadas de agora.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O dia com todos os dias
antes das palavras dos paladares
e das pampas ao sabor do rio.

O sol o frio e a lezíria
desbravam o ímpeto do oceano
que reabre o mundo à cidade
ávida de mares de melodias
de caminhos feitos de futuro
de corpos que dançam saltam
e cantam com a planície
que beija a água.

Convento de São Francisco - Cidade Velha - Cabo Verde


República Dominicana - Parque National Los Haitises


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Crioulos Portugueses

As fotografias sobre os lugares onde se falaram, e se falam, Crioulos Portugueses, foram tiradas em Novembro de 2008, no Convento de São Francisco, situado na Cidade Velha em Cabo Verde.

Crioulos Portugueses


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Exercer o silêncio
na pedra deserta
Caminhar à sombra
das praias da memória
Rente à areia molhada
Saltando por cima dos carangueijos
para abraçar gargalhadas
Amar-te por te viver
em qualquer lugar, só.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Descobrir a essência do mar
espelho plano do chão
caminho do encontro com a lua
na marginal de todos os mundos
chorando a pérgola abandonada
cantando a liberdade dos meninos
correndo com os braços repletos
desse amor sem fim.

Germinam paixões
no húmus dos passos
um sorriso de sol
ilumina o rio
a mão acaricia
um rosto uma face risos
murmúrios cúmplices
água das águias
entardecer
pleno de silêncio...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Como não te amar,
se vivo nas pegadas dos teus passos?

Como não chorar,
se o vento noticia sofrimento
e desejo insaciado?

A dor seca os passos
e a réstia de erva
que alimenta o vazio do dia.

Súbitamente
a foz a nascente
o silêncio do mato
e o chão dos amigos

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Alberto de Lacerda - Peregrino

Ó alma errante, onde brilha o fulgor
Das perguntas que a terra silencia,
O que buscas? A que estranho vigor
De visão tu aspiras noite e dia?

Porque me trazes o manto rasgado,
E me rasgas a mim, que tu geraste?
Amas ou não este humano traslado,
Arremedo divino, flor só haste?

Porque nos perseguimos sem nos vermos,
De terra em terra, na esperança, no esforço?
Aonde a luz dos invisíveis ermos
Brilhando inteira na luz de um só corpo?

Onde pressentirás o teu começo?
Então descansarás. Nada mais peço.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Alberto de Lacerda - Outros Sons

Já não peço o ardor extasiado
Da luz por dentro das horas mortas
Aprendi onde vivem os pássaros
Já parti de propósito as portas

Já não sei regressar como dantes
Já não choro o que perco Já ouço
Outros sons para além da amurada
Morreu o navio E eu que era moço
Aqui estou eu
Anónimo ser de afectos
Caminhando por Alfama
A escutar rostos que o mar levou.

Amo-te em silêncio, meu amor
Já não te pronuncio
Apenas palpita o coração
Quando o cheiro do teu chão me habita.

Vai para a foz O barco veloz
E nós flutuamos
Nos acentos da tarde, Ausentes.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Pôr do Sol, Rio Kuanza; Luanda; Angola.







O marulhar do rio
a árvore arrebatada ao chão
a pedra polida com mãos de vento
a cigarra cantando versos de liberdade

Porque choras
se a águia alvoroça a cidade nua
e um súbito desejo de amor
invade corações cansados de guerra?

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Diz a areia do mar
que a espuma da água
tem histórias de súbitas paixões
e canta versos d'amores
que chegam e partem
desassombrados

terça-feira, 29 de julho de 2008


Fosse o véu horizonte
Os olhos seriam prados de água plana
essência de incenso fumegante
trova da guitarra ancorada a oriente


O chão chamaria ventres inquietos
passos ocultados no refúgio das mãos
deserto pressentido no aroma das searas
com a lua dissipada, ténue

Sou já cavalo alado
guerreiro do verbo libertado
caminhante do futuro ausente

pedra que o vento moldará

sábado, 24 de maio de 2008

Trovando, a caminho da praia guardada,
Cabelos embalam a vertigem do carro
Que atravessa searas sedentas de água.
A fotografia perfeita do dia imperfeito!
Risos cúmplices na fímbria da tarde,
Vozes que tecem afectos de seda
com a tonalidade vermelha da falésia,
Chão ausente.
Basta ...

Vem, chuva de sede do deserto,
Traz, do horizonte da planície,
a requebra ondulante dos montes.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Choramos
a fome anunciada na nudez da televisão
debruada com a exaltação
da liberdade a ferros conquistada.

A criança lamacenta
coabita com a miséria do luxo
sonha afectos de seda
caminha no fio invisível do mar
sente a dor da barriga inchada.

Eis a geografia cidade
em tempos de indignidade

sábado, 10 de maio de 2008

O tremendo vazio do copo.
A cigarra marginal á beira mar.
Ali olhamos indignidades,
ausentes, cegos...

Meninos de mão dada, de uma frescura desconcertante,
percorrem a eira do dia, com liberdade, ingénuos.
Apesar do áspero caminho,
sonham, cantam, saltam. Em silêncio.

Senhores, de espada ao alto,
soçobram na ferocidade do pico.
Já não sonham,
apenas vincam sofrimento, indignos...

quinta-feira, 27 de março de 2008

Está vazia, a minha rua.
Apesar dos tambores,
das gaitas e transeuntes,
Tem silêncio abrupto,
que lateja a cada passo na calçada,
como se a mão aniquilasse a esperança
no fluir irreversível dos dias.

terça-feira, 25 de março de 2008

sábado, 8 de março de 2008

quarta-feira, 5 de março de 2008

Deslizar no âmago da onda
já a pedra tocou o leito do mar
reencontrar palavras que o tempo não apagou...
Tenho-te no exacto olhar da manhã,
que trouxe ausência, presente.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

No riacho do cachimbo Índico,
Recolho pólen perdido na buzina dos dias,
Revejo perfume do casario
espraiado no resguardo do Rio...

A gargalhada da criança
Ressoa na requebra do mar,
Liberta nutrientes da liberdade.

Cicio verbos de plena quietude
Abraçado ao halo do entardecer
Extático.
Exposto a um tempo ausente


Arredores de Arraial D'Ajuda; Brasil


Indíos Pataxós; Porto Seguro; Brasil


Arredores de Arraial D'Ajuda; Brasil


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Irrepreensível silêncio da trovoada
tudo rompe tudo liberta;
A morte ocultada na miséria
A desesperança da alma
O murmúrio inaudível dos famintos ...

Subitamente
O sorriso da criança amanhece;
Ali o mar sossega a dor
Muda o desespero da areia...
estranho

o silêncio da trovoada

tudo rompe

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Ficarei por Aí
Deslumbrado
Sentado na marginal
a escutar rumores do vento
e ecos dos passos vindouros...

Imensos dias depois
nem poeira nem pó
somente água inteira fugaz
Sós

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

De repente,
o sol funde poeira perpétua,
apenas trânsito de luz.

Um café
três sorrisos de conversa
e a canoa resplandece.

O mar é desejo de ver
é sentir os pés na areia
é flutuar na requebra do vento
e redescobrir o Homem.




sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Habito o ser que me desabita
No súbito instante do entardecer
Voar
Sitiar o halo da baía
Deslizar
Vem madrugada
Traz noticias do Oriente

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Somos
átomo resistente
iodo
que poliniza o afecto dos lugares
tecemos
maresia de saudade
no Alto da cidade nossa.
Encontrar-te
na nudez da água
deserta
na melancolia da saudade
quebrada
Atónito

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

verbo água
desejo concreto de mar
semente
trilho rugas de seda
o deserto insiste
na mão que acaricia
o dorso indómito
planar
no ínfimo recanto do futuro

inacabado

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O mar ausente
pressente silêncio
pedra esculpida
no lento vagar do calor.

Deslizar...
Voar no milímetro
aconhego do orvalho hirto
e pleno dos teus olhos.