Sentado
delicad,
povoado
de rabiscos inscrustados
na memoria dos passos.
A água purifica a mão
que ousa "surfar" a estética das palavras,
recanto que aglutina
o súbito desejo de lua.
Páro.
No horizonte
a criança sorri.
É por ela ...
sábado, 16 de junho de 2007
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Poemas da Ciência de Voar - de Eduardo White
Uma mão relampeja na casa da escrita.
Faísca Troveja.
Procura um claro instante para a aparição.
Pode-se vê-la correr pelo dorso do papel,
deitada do seu lado ou do seu modo rastejante,
pode-se vê-la provando o ruminante delírio das palavras,
a sua rasante arrumação,
e leva vozes aquela mão em cada delicada passagem,
rítmica, latejante
ou um nervo animal que faz lembrar a textura pedestre do papel.
Mas a mão voa, explosiva,
e não cai nem agoniza no espaço vibrante onde se comunica.
Voar é um fervoroso recolhimento.
E no que é quase a medida elementar do esquecimento
a escrita navega
num estuário de silêncio.
Escrever é uma droga antiga,
uma bebedeira que queima com lentidão
a cabeça,
traz as luzes desde as vísceras,
o sangue a ferver nas vias tubulantes,
traz a natureza estimulante das paisagens
que temos dentro."
...
Ocorre-me agora
a pupila minúscula de uma criança.
A sua engenharia
desde o corpo na guerreira pequenez
ao dedo provador da boca.
Ocorre-me esta criança
este monge da franqueza em seu templo de inocência.
Amo-a. Vivo-a.
Voar é poder amar uma criança.
Sonhar-lhe o peso no colo, as mãos acariciantes
sobre a palma da alma.
Voar é tardar a boca
na rosa do rosto de uma criança.
Pronunciar-lhe a ternura,
a seda fresca e pura
da sua infância.
Voar é adormecer o homem
na mão sonhadora
de uma criança.
Faísca Troveja.
Procura um claro instante para a aparição.
Pode-se vê-la correr pelo dorso do papel,
deitada do seu lado ou do seu modo rastejante,
pode-se vê-la provando o ruminante delírio das palavras,
a sua rasante arrumação,
e leva vozes aquela mão em cada delicada passagem,
rítmica, latejante
ou um nervo animal que faz lembrar a textura pedestre do papel.
Mas a mão voa, explosiva,
e não cai nem agoniza no espaço vibrante onde se comunica.
Voar é um fervoroso recolhimento.
E no que é quase a medida elementar do esquecimento
a escrita navega
num estuário de silêncio.
Escrever é uma droga antiga,
uma bebedeira que queima com lentidão
a cabeça,
traz as luzes desde as vísceras,
o sangue a ferver nas vias tubulantes,
traz a natureza estimulante das paisagens
que temos dentro."
...
Ocorre-me agora
a pupila minúscula de uma criança.
A sua engenharia
desde o corpo na guerreira pequenez
ao dedo provador da boca.
Ocorre-me esta criança
este monge da franqueza em seu templo de inocência.
Amo-a. Vivo-a.
Voar é poder amar uma criança.
Sonhar-lhe o peso no colo, as mãos acariciantes
sobre a palma da alma.
Voar é tardar a boca
na rosa do rosto de uma criança.
Pronunciar-lhe a ternura,
a seda fresca e pura
da sua infância.
Voar é adormecer o homem
na mão sonhadora
de uma criança.
Ao Luís Bernardo Honwana - de Sebastião Alba
Embora cravado por
uma réstia de sol ao meu umbigo
quase tudo em mim é obra alheia
alguém exímio colocou
no pendor de elevados
textos as suas armadilhas
deformidades tolhem o avanço
em que porejo não o ódio mas
ressentido amor.
uma réstia de sol ao meu umbigo
quase tudo em mim é obra alheia
alguém exímio colocou
no pendor de elevados
textos as suas armadilhas
deformidades tolhem o avanço
em que porejo não o ódio mas
ressentido amor.
quarta-feira, 13 de junho de 2007
terça-feira, 12 de junho de 2007
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Sem Titulo - de Virgílio de Lemos
O pêndulo entre a doçura e o sangue
balança entre a criação
e a morte.
E os monstros marinhos despertam
e povoam ter corpo interior
de dragões...
Na noite confundidas com as estrelas
cintilam palavras
que aguardam teus vorazes dentes
e teus beijos perversos.
balança entre a criação
e a morte.
E os monstros marinhos despertam
e povoam ter corpo interior
de dragões...
Na noite confundidas com as estrelas
cintilam palavras
que aguardam teus vorazes dentes
e teus beijos perversos.
quinta-feira, 7 de junho de 2007
segunda-feira, 4 de junho de 2007
Nudez - de João Fonseca Amaral
As lágrimas
Deixaram rastros molhados
E depois partiram para Além;
Os sentimentos
Fizeram-se em pó,
Que o vento dispersou por aí;
As minhas ânsias loiras
Calçaram as sandálias de viajante
E partiram para longe
Oh! todos estes ingratos fugitivos
Me deixaram assim nu
No Grande Cruzamento!
Deixaram rastros molhados
E depois partiram para Além;
Os sentimentos
Fizeram-se em pó,
Que o vento dispersou por aí;
As minhas ânsias loiras
Calçaram as sandálias de viajante
E partiram para longe
Oh! todos estes ingratos fugitivos
Me deixaram assim nu
No Grande Cruzamento!
sábado, 2 de junho de 2007
Sem Título - ADN Amaral
A tarde soçobrava à vertigem do tempo.
Ali reencontrei o caminho dos meus passos.
Hora de mordomias cinzeladas pela longa ausência,
Risos de àgua a chapinhar,
na imprecisa geometria das recordações.
Somos verbo desconstruído,
Renascido da indelevel pena,
Que marca o chão
Àvido das nossas crianças.
Ali reencontrei o caminho dos meus passos.
Hora de mordomias cinzeladas pela longa ausência,
Risos de àgua a chapinhar,
na imprecisa geometria das recordações.
Somos verbo desconstruído,
Renascido da indelevel pena,
Que marca o chão
Àvido das nossas crianças.
Sem Título - ADN Amaral
Ao entardecer,
Quando o sol se confina ao mar,
Persigo a brisa d'Abril,
Primavera dos errático dias,
que a loucura expandiu.
Escvravo da cidade,
com a alma povoada de micaias,
canto lírios pelas searas encantadas.
Quando o sol se confina ao mar,
Persigo a brisa d'Abril,
Primavera dos errático dias,
que a loucura expandiu.
Escvravo da cidade,
com a alma povoada de micaias,
canto lírios pelas searas encantadas.
sexta-feira, 1 de junho de 2007
Sem Título - ADN Amaral
Digo palavras que aram múltiplos universos.
Cânticos de outrora irrompem no futuro das folhas, alforriam a ventura inteira e traçam o passo inquebrantável dos nossos passos.
Anseio deglutir cada grama nossa infância, pó primordial de viagens infinitas e berço inamovível da liberdade que refulge no ventre desta terra que amo.
Amor implacável que arrebata o rumo da cidade percebida em recantos inesperados.
Danças, ventres, requebras, olhos, espantos, mosteiros.
Cheiros das mil e uma noites, dizíveis na calçada que a ilumina.
Anseio deglutir cada grama nossa infância, pó primordial de viagens infinitas e berço inamovível da liberdade que refulge no ventre desta terra que amo.
Amor implacável que arrebata o rumo da cidade percebida em recantos inesperados.
Danças, ventres, requebras, olhos, espantos, mosteiros.
Cheiros das mil e uma noites, dizíveis na calçada que a ilumina.
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