sexta-feira, 22 de outubro de 2010

De súbito,
o sopro dilacera a essência do vento
que lapida a pedra,
os avós choram
e lágrimas secam o deserto.
Terrível, a dor que inunda o chão
e aniquila o verde dos progenitores.
Não olho o precipício
mas o Mar que clama marinheiros...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O pássaro, procura o perfume da pétala;
A flôr, ilumina o entardecer da cidade
e anseia a geografia do voo;
O fotógrafo espera, o pôr do sol
ou o luar?

O ancião permanece no olho da serpente,
acossado pelo silêncio das notícias;
O que procura, a águia ou a laranja do deserto?

terça-feira, 11 de maio de 2010

O frio congelou o instante da partida,
Sombra que obliterou
a ingenuidade dos dias descalços.

A dor, na luz da cidade,
de súbito silenciada,
com o teu chão nos passos sem rumo.

O vento traz cheiros,
das palmeiras? das micaias? das casuarinas?
ou apenas do teu sorriso nos rostos dissipados
pelo marulhar da memória...?

Oh meu deserto meu refúgio
minha gargalhada em flôr,
quero o pulsar da tua alma
e o fogo da tua seiva...
Quero...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Os metros são silenciosos

Súbitamente
Passos desajeitados
Antílopes graciosos
Cruzam-se na interrogação dos olhos
Represam a essência da laranja
como dunas sedentas de vento
Perfumadas com a framboesa do chocolate

O telefone toca
O auscultador permanece pousado
Não queres escutar

O vento de Março
invade as frestas da janela
Tráz seda
ou porto de afectos?
De manhã
o arco-íris dos olhos
que respiram pinheiros
Bom dia
Sigo para o deserto
O café
espera que o bebas
Arqueologia do futuro
ou insónia d'água?